Angola lança campanha de vacinação contra a cólera para proteger um milhão de pessoas e conter o surto que afecta Luanda e outras regiões vulneráveis.
Arranca hoje, oficialmente, a campanha emergencial de vacinação contra a cólera em Angola. O bairro Paraíso, no município de Cacuaco, em Luanda, identificado como o epicentro do surto, acolheu a cerimónia. A iniciativa, liderada pelo Ministério da Saúde, conta com a colaboração da Organização Mundial da Saúde (OMS), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) do Banco Mundial e da Cruz Vermelha, tendo o objetivo de imunizar cerca de um milhão de pessoas e conter a propagação da doença.
A abertura da campanha surgiu num ambiente de mobilização e esperança. Desde as primeiras horas da manhã, o bairro Paraíso recebeu figuras de destaque, incluindo Sua Excelência a Ministra da Saúde, Dra. Sílvia Lutucuta, Sua Excelência, Sr. Luís Nunes, Governador da Província de Luanda, e Sua Excelência, a Dra. Zahira Virani, Coordenadora Residente da Missão das Nações Unidas em Angola. Estiveram também presentes representantes da Rotary, da Gavi, do corpo diplomático, da UNICEF, da OMS, do Banco Mundial e da Cruz Vermelha, entre outros parceiros.
Com muita energia no ar, o sol a erguer-se e a música a tocar, os convidados começaram a chegar. À medida que assumem os seus lugares, a música suaviza e a mestre de cerimónias dá início à sessão. As saudações cordiais e as apresentações pela mesma, deram seguimento aos discursos das autoridades presentes.
Compromisso do Governo e Esforços na Resposta à Cólera
Exmo. Governador de Luanda, Luís Nunes, fundamental na coordenação dos esforços locais, ressaltou que, tal como vencemos a pandemia da Covid-19, venceremos também esta batalha contra a cólera. Enfatizando a importância da higiene na prevenção da cólera, dirigiu palavras de conforto à população e reafirmou o compromisso das autoridades na protecção da das comunidades afectadas.
Exma. Ministra da Saúde, Dra. Sílvia Lutucuta, responsável pela resposta rápida e decisiva do Governo no combate à cólera, salientou a necessidade de proteger as comunidades mais afectadas. “Com determinação e solidariedade, a vacinação é um compromisso com um futuro mais saudável” descreveu, apelando à mobilização da população para aderir à campanha de vacinação, com uma meta de alcançar mais de 930 mil pessoas.
A Exma. Coordenadora Residente das Nações Unidas (ONU) em Angola, Dra. Zahira Virani, expressou o seu agradecimento à equipa da ONU, liderada pelo Dr. Yoti Zabulon e por Antero Pina, pelo seu papel fundamental na coordenação com o governo, assegurando a mobilização dos parceiros internacionais e garantindo uma resposta sanitária eficaz e coordenada.
Legenda: Sua Excelência Zahira Virani, Coordenadora Residente da ONU em Angola, discursa durante a campanha de vacinação contra a cólera, reforçando o compromisso da ONU no apoio à resposta de saúde pública.
Durante o seu discurso, elogiou a resposta rápida do Ministério da Saúde e defendeu soluções sustentáveis para erradicar a cólera. Afirmando que a ONU e os seus parceiros continuarão a trabalhar de forma incansável para apoiar o governo angolano. Emocionada, apelou: “como mãe, apelo a todas as mães, pais e cuidadores para que observem medidas básicas de higiene... para que todos possam estar protegidos, especialmente, as nossas crianças.” reforçando que a educação e sensibilização comunitária são fundamentais para o sucesso da campanha.
Impacto da Cólera e Importância da Vacinação
A Ministra da Saúde, Dra. Sílvia Lutucuta, não esconde a urgência da situação. "Cada vida conta", reforça, ao apresentar os números alarmantes: 1.710 casos confirmados, 59 mortes e Luanda como o epicentro da crise, com mais de mil infetados. Mas a resposta não se fez esperar. A meta é clara: vacinar 990 mil pessoas, protegendo os mais vulneráveis e travando a propagação da doença com prioridade às áreas mais atingidas, incluindo os municípios de Cacuaco, Sequele e Dande. Mobilizando 1.974 equipas de vacinação, supervisionadas por 508 coordenadores, envolvendo mais de 6.400 pessoas. A vacina será administrada em postos fixos instalados em unidades sanitárias, escolas, igrejas, mercados e outros locais estratégicos. Equipas móveis percorrerão as comunidades para garantir que todos tenham acesso à vacina.
Todavia, a vacinação é apenas uma das estratégias para conter a cólera. Para garantir protecção a longo prazo, é essencial adoptar medidas preventivas, como o consumo de água tratada ou fervida, a lavagem frequente das mãos com água e sabão ou cinzas, a correcta higienização dos alimentos e a destinação adequada de resíduos sanitários.
O envolvimento da comunidade é fundamental para o sucesso da campanha. A vacina é um passo importante, mas vencer esta luta depende de um compromisso conjunto com a higiene, o saneamento e o acesso a água potável.
Acção e Prevenção: Um Compromisso com o Futuro
O Governo angolano, em parceria com organizações internacionais e o sector privado, reafirma o seu compromisso com a saúde pública, dando prioridade a acções de emergência e prevenção. A mobilização de recursos e a colaboração entre sectores são essenciais para garantir um futuro mais seguro e saudável para todos os angolanos. Neste contexto, o sector privado tem desempenhado um papel crucial na resposta à cólera, unindo esforços sob a liderança do governo para reforçar as medidas de contenção da doença. Empresas como a UNITEL, OMATAPALO, Omnimed, West Aves, Refriango e Carmon Reestrutura têm contribuído com recursos, apoio logístico e iniciativas de sensibilização, demonstrando que a cooperação entre sectores é fundamental para enfrentar desafios de saúde pública de forma eficaz.
Esta campanha não é apenas uma resposta imediata à crise, mas um reflexo de um compromisso global com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Em destaque, O ODS 3 – Saúde de Qualidade está no centro desta luta, garantindo acesso equitativo à imunização e reduzindo a mortalidade. Contudo a ligação aos ODS vai para além da vacinação. A campanha contribuí diretamente ao ODS 6 – Água Potável e Saneamento, promovendo hábitos de higiene essenciais para evitar surtos futuros. Adicionalmente, a forte mobilização de parceiros internacionais e o sector privado evidencia a importância do ODS 17 – Parcerias para a Implementação dos Objetivos, provando que só com colaboração integral é possível enfrentar desafios de saúde pública desta magnitude.
O Governo angolano reafirma que esta luta não termina com a vacinação. A erradicação da cólera depende de um compromisso contínuo com a saúde pública, do investimento em saneamento e o fortalecimento das comunidades.
Enquanto as equipas de saúde continuam a vacinar, o país ergue-se numa luta coletiva, determinado a transformar o medo em segurança e a incerteza em esperança. Cada dose, cada ação, cada esforço é um passo rumo a um futuro onde a cólera seja apenas uma página virada na história de Angola.