Detectar ameaças à saúde nas províncias fronteiriças de Angola
28 agosto 2024
O Representante da OMS em Angola, Dr. Zabulon Yoti, salienta que a detecção precoce de casos ajuda a evitar surtos, previne doenças e salva vidas.
Quando o supervisor municipal de promoção da saúde, Papa Diabanza, recebeu formação intensiva como parte de uma estratégia para impulsionar a vigilância epidemiológica e a prevenção de doenças em Angola, tornou-se uma peça importante na iniciativa do país de alavancar as comunidades locais num esforço para melhorar o tempo de resposta a emergências de saúde.
“Comecei a trabalhar no sector da saúde em 1992 e testemunhei em primeira mão os desafios que resultam da ausência de um sistema de vigilância epidemiológica eficaz”, diz Diabanza. “Passei todos estes anos a trabalhar arduamente para promover a mudança de comportamentos para prevenir doenças graves e esta formação veio acrescentar uma nova e importante competência.”
Em meados de 2023, o Ministério da Saúde de Angola, com o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS) e financiamento da União Europeia, desenvolveu um programa de formação abrangente destinado a melhorar as competências de 35 profissionais do Programa Alargado de Vacinação (PAV). A formação ajudou a fornecer a Diabanza e a outros profissionais as ferramentas necessárias para melhor combater a entrada de doenças provenientes de países vizinhos, proporcionando-lhes também as competências que sustentam os novos planos municipais de Vigilância e Resposta Integrada às Doenças (IDSR) de Angola.
“Após esta formação, pude adquirir uma compreensão mais ampla de como detectar, notificar e responder eficazmente a emergências de saúde”, diz Diabanza, que reside na província do Zaire, que partilha uma fronteira a norte com a República Democrática do Congo. “Sinto-me agora mais capacitado para informar e proteger a minha comunidade”, afirma.
Como resultado da formação, 95% dos municípios da província do Zaire apresentam relatórios de vigilância e fazem-no atempadamente. Também se registou um aumento na notificação de casos suspeitos de sarampo em dois municípios anteriormente silenciosos.
Na província de Lunda Norte, que faz fronteira com a República Democrática do Congo a nordeste, mais de 80% dos municípios apresentam relatórios semanais e mais de 90% desses relatórios chegam a tempo, em comparação com o que acontecia antes da formação, em que apenas 40% apresentavam relatórios regularmente.
As doenças evitáveis por vacinação também foram afectadas de forma notável pela melhoria do sistema de vigilância a nível municipal, nas unidades de saúde e na comunidade. Em março de 2024, o poliovírus foi detectado num município da Lunda Norte, o que desencadeou actividades de resposta a nível nacional, incluindo a campanha nacional de vacinação contra a poliomielite, e levou a que mais de 5,5 milhões de crianças em Angola fossem vacinadas contra a poliomielite em maio de 2024.
“O reforço das acções de vigilância não só reforça a nossa capacidade de resposta a um evento, mas também melhora a nossa prontidão para responder eficazmente a outras doenças potencialmente epidémicas”, afirma a Dra. Helga de Freitas, Directora Nacional de Saúde Pública de Angola. “Estamos animados por ver que os nossos esforços já estão a ter impacto no terreno.”
O Representante da OMS em Angola, Dr. Zabulon Yoti, salienta que a detecção precoce de casos ajuda a evitar surtos, previne doenças e salva vidas.
“Estas iniciativas não só equipam os profissionais de saúde com conhecimentos e competências fundamentais em matéria de vigilância epidemiológica, como também reforçam a capacidade das comunidades locais para responderem a emergências de saúde pública de forma mais eficaz”, afirma. “Isto realça o impacto positivo que o desenvolvimento de capacidades pode ter na melhoria da saúde pública e no reforço da resposta a surtos e emergências.”