Pessoas Refugiadas na Agricultura: Projectos do ACNUR e PAM Transformam Vidas em Angola
27 maio 2024
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No interior da província de Lunda Norte, no nordeste de Angola, os projectos desenvolvidos pela Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e pelo Programa Alimentar Mundial (PAM) vão muito além do cultivo de arroz, milho e legumes — estes promovem os meios de subsistência da comunidade refugiada, a autossuficiência e inclusão socioeconómica.
Com mais de 600 famílias beneficiadas desde 2023, incluindo das comunidades locais, as plantações são em parte consumidas e em parte vendidas pelos agricultores, que apoiam na produção de alimentos da província e conseguem novas fontes para a geração de renda.
Os campos de arroz são liderados pela imbatível Nkoyo Antoinette, também conhecida como ‘Maman Antho’, uma ex-funcionária pública da República Democrática do Congo (RDC) e símbolo da liderança feminina no assentamento de Lóvua. A sua própria jornada de beneficiária de assistência alimentar a líder na produção agrícola personifica o desejo da comunidade refugiada pelo trabalho e autonomia.
"Temos o dever de cultivar a terra. Assim, os nossos filhos podem ver os seus pais trabalhando para viver. Gostamos de trazer as crianças aqui para mostrar que o nosso alimento básico vem do nosso trabalho", disse Maman Antho. "Não queremos depender da ajuda humanitária. Os tempos de emergência terminaram — agora é tempo de desenvolvimento".
Para Emmanuelle Mitte, Representante da Agência das Nações Unidas para Refugiados, Maman Antho é “um exemplo de como, com solidariedade, a comunidade refugiada pode trazer dignidade e autonomia para as suas famílias enquanto apoia o país. Angola é uma nação solidária, e o ACNUR trabalha ao lado do Governo e do povo de Angola para proteger pessoas que deixam os seus países para fugir da guerra e da violência".
Esse exemplo de resiliência das pessoas refugiadas será celebrado no Dia Mundial do Refugiado no próximo mês, 20 de Junho, destacando a importância da solidariedade e do desenvolvimento de soluções duradores para a integração de refugiados e deslocados.
Para o refugiado Jean Bafolo, um pai dedicado de três filhos, o projecto representa mais do que apenas agricultura. É um caminho para recuperar o orgulho e a autoestima, permitindo-lhe sustentar a sua família com dignidade e resiliência.
"Posso dizer com orgulho aos meus filhos que esta comida vem do meu trabalho, do que faço com minhas mãos", disse o Sr. Bafolo, "e um dia eles continuarão o trabalho que estou a fazer".
Nos campos de arroz, os rostos sorridentes refletem um novo sentido de propósito e comunidade. Além da colheita, esse esforço não apenas alimenta, mas instila resiliência e autonomia numa comunidade que luta por uma vida com segurança, e que espera que a próxima geração tenha todas as ferramentas para um futuro digno e próspero.
Os projectos que visam integrar pessoas refugiadas na produção agrícola em Lunda Norte começaram em 2019 com o ACNUR. A produção inicial, focada apenas no cultivo de legumes, deu um salto em 2023 quando uma parceria com o PAM permitiu expandir a produção de arroz e milho para alimentar as comunidades de refugiados e anfitriãs, incentivando assim a agricultura comercial e promovendo a coesão social.
"As histórias de Maman Antho e Jean Bafolo oferecem um farol de esperança para muitos outros refugiados e são um testemunho da sua resiliência, ambição e contribuição positiva para as comunidades anfitriãs. O PAM está comprometido em continuar a colaborar com o Governo de Angola e os seus parceiros para construir um futuro melhor para as comunidades refugiadas e locais e garantir que estas possam florescer e prosperar", diz José Ferrão, Representante do PAM em Angola.
Angola acolhe mais de 55.000 pessoas que precisam de protecção internacional. Em Lunda Norte, o assentamento de Lóvua abriga cerca de 6.200 refugiados da RDC, incluindo as famílias de Maman Antho e do Sr. Bafolo.
O ACNUR e o PAM expressam a sua gratidão aos doadores públicos e privados que generosamente apoiam as comunidades refugiadas e requerentes de asilo. Para saber mais sobre os doadores do ACNUR por meio deste link e os doadores do PAM ao clicar aqui.