No Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, a ONUSIDA está pedindo a proteção dos direitos das mulheres para proteger sua saúde. O mundo está muito distante de cumprir com as metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) em temas de igualdade de gênero, violência contra as mulheres e meninas e acabar com a SIDA.
Em muitos dos países, a crise da dívida está sufocando o investimento em educação, saúde e proteção social, prejudicando particularmente as mulheres e meninas. Com o ritmo actual, estima-se que serão necessários 300 anos para acabar com o matrimonio infantil, 140 anos para que as mulheres sejam representadas igualmente em posições de liderança no seu trabalho, e 47 anos para alcançar a representação igualitária nos parlamentos nacionais.
Ademais, ao redor do mundo, pelo menos cinco mulheres ou meninas são mortas a cada hora por alguém de sua própria família. Uma em cada três mulheres no mundo enfrenta violência sexual ou baseada no gênero. Mulheres que sofrem violência têm maior risco de adquirir VIH. Esse risco é maior para as 600 milhões de mulheres e meninas que vivem nos países afetados por conflitos no mundo, enfrentando um perigo maior de violência sexual.
Este ano, a ONUSIDA está se dirigindo á Comissão sobre o Estatuto da Mulher, em Nova Iorque entre os dias 11-22 de março, para advogar aos líderes mundiais a protegerem os direitos das mulheres e das meninas em todo mundo, a fim de proteger sua saúde. Em todo o mundo hoje, 129 milhões de meninas estão fora da escola, negando-lhes informações vitais sobre como se proteger do VIH. Em 2022, a cada três minutos, uma adolescente ou jovem (15-24 anos) adquire VIH na África sub-sahariana. Em toda África, o SIDA continua a ser a principal causa de morte entre mulheres em idade reprodutiva. Isso é inaceitável.
"Hoje, os direitos conquistados com dificuldade pelas mulheres estão baixo um ataque global e coordenado e implacável. As mais duramente atingidas por esse ataque são as mulheres mais marginalizadas", disse Winnie Byanyima, Diretora Executiva da ONUSIDA. "As injustiças enfrentadas pelas mulheres não são desastres naturais para se preparar ... São feitas pelo homem e, como tal, podemos desfazê-las".
A boa notícia, considera ONUSIDA, é que em todo o mundo, mulheres e meninas estão liderando as lutas pela igualdade e pelos direitos. Mulheres estão se levantando contra a opressão em suas casas, locais de trabalho e comunidades. Movimentos de mulheres estão fornecendo apoio direto às mulheres e meninas que enfrentam violência, e marchando e fazendo greves para pedir a igualdade.
De fato, uma delegação do Governo Angolano está a caminho de Nova Iorque para participar da Conferência sobre o Estatuto da Mulher, acompanhada pela representante da ONUSIDA em Angola, a Dra. Hege Wagan. Eles tem como objetivo propor uma revisão mínima de uma resolução crucial, a Resolução 60/2 das Nações Unidas sobre a mulher e rapariga em relação ao VIH/SIDA e Género. A resolução, apresentada a cada dois anos no CSW68 desde 2016, é de extrema importância na promoção dos direitos das mulheres, documentando suas realidades globais e moldando padrões sobre igualdade de género e empoderamento feminino. Este ano, em particular, é crucial atualizar as metas políticas desatualizadas de 90-90-90 e incorporar o quadro normativo revisado de 2021 com novas metas para 2025. Com Angola na presidência da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), o país tem o potencial de liderar esforços para garantir o cumprimento desta resolução vital para mulheres, raparigas e pessoas afetadas pelo VIH.
“Essa resolução é muito importante, dado também que é liderada pelo Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher (MASFAMU), em parceria com o Ministério da Saúde (MINSA), assegurando também essa ligação com outros eixos de desigualdade que tem a ver com violência baseada no gênero, matrimônio infantil, gravidez precoce, acesso a participação. Para a ONUSIDA, e também para a resposta global ao VIH, essa resolução do CSW na realidade tem muita importância para apoiar no alcance das metas de 2030", disse a Dra. Wagan.
Para proteger os direitos das mulheres, é vital apoiar e fornecer recursos para essas organizações comunitárias, grupos da sociedade civil e organizações de mulheres -- os defendedores da linha de frente desses direitos. Assim como a justiça, a saúde nunca é um facto feito, é conquistada. O apelo da ONUSIDA neste Dia Internacional da Mulher é proteger a saúde das mulheres e meninas, proteger os direitos das mulheres e meninas. Ao fazer isso, o mundo acabará com a SIDA e superará as desigualdades que a alimentam.