Angola reforça medidas de preparação e resposta à cólera
25 janeiro 2024
Com os surtos de cólera nos países vizinhos, Angola está a intensificar as medidas de preparação para responder eficazmente a um potencial surgimento da doença
Nas últimas semanas, o Ministério da Saúde, com o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS), desenvolveu um plano nacional de contingência contra a cólera que descreve as principais medidas a serem implementadas para prevenir e responder a um surto. As autoridades de saúde estão a reforçar a vigilância das doenças e outras actividades de resposta em zonas de alto risco ao longo da fronteira com a Zâmbia e a República Democrática do Congo.
As medidas prioritárias incluem garantir que as unidades de saúde tenham uma definição de caso – isto é crucial para determinar se um paciente está ligado a um surto sob investigação ou não – e que os protocolos de tratamento da cólera estejam disponíveis em todas as unidades de saúde. As equipas de resposta rápida nos distritos fronteiriços estão a receber formação, enquanto os profissionais de saúde recebem apoio no tratamento da cólera. O fornecimento de sais de reidratação oral e fluidos intravenosos também está a ser pré-posicionado nas unidades de saúde nas zonas fronteiriças.
“Estamos no caminho certo. Diferentes departamentos ministeriais, comunidades e parceiros estão todos envolvidos na preparação de actividades em diferentes áreas de acordo com o plano de contingência nacional”, disse a Dra. Helga Freitas, Directora Nacional de Saúde Pública. “Garantir uma forte capacidade de prevenção e resposta contra a cólera é um esforço nacional e todos fazemos parte dele.”
Estão também em curso esforços para identificar todas as fontes de água não tratada ou poluída. Além disso, as autoridades de saúde estão a distribuir cloro e a clorar fontes de água potável e a sensibilizar o público para a prevenção da cólera e para a importância de procurar tratamento precoce, entre outras medidas preventivas.
“Estamos confiantes nas medidas que o país está a adoptar e esperamos que com a ajuda de todos, Angola possa reforçar a capacidade em áreas críticas, especialmente nas zonas fronteiriças, em termos de preparação de profissionais de saúde, pré-posicionamento de kits essenciais, acesso a água tratada, mobilizar e envolver as famílias, entre outros, para garantir uma vigilância, prevenção e resposta eficazes a um possível surto de cólera”, afirmou o Dr. Humphrey Karamagi, Representante Interino da OMS em Angola.
As medidas estão a ser levadas a cabo em 10 das 18 províncias do país por uma equipa nacional de 28 especialistas, incluindo oito da OMS, com maior enfoque nas províncias do Cuando, Cubango e Moxico, perto da fronteira com a Zâmbia, e na província de Luanda Norte, que faz fronteira com o República Democrática do Congo, onde há vários meses um surto de cólera.
“Como profissional de saúde, as actividades em curso são críticas”, disse a Dra. Yaslava Kango, especialista em saúde pública na província da Lunda-Norte. “A oportunidade de fazer parte da formação de atualização com a participação de diversos atores sociais nos permitiu compartilhar experiências e garantir que todos possam trabalhar de forma integrada para proteger vidas.”
Angola lutou contra surtos de cólera no passado. Após um período sem surtos entre 1995 e 2000, o país sofreu um enorme surto em 2011, resultando em 2.284 casos e 181 mortes. O surto mais recente ocorreu entre 2016 e 2017 e afectou as províncias de Cabinda, Luanda e Zaire com um total de 252 casos e 11 mortes.