Apelo à esperança no Dia Mundial do Refugiado
“Esperança longe de casa, por um mundo inclusivo com as pessoas refugiadas” é o slogan deste ano.
“Para mim ter esperança é ter coragem”, diz Mamadou Lamarana. Este refugiado, de 35 anos, saiu da Guiné Conacri para procurar exílio em Angola. Aqui dedica-se à carpintaria, um trabalho que espera que dê, a ele e à comunidade que o rodeia, uma vida melhor. "Ter esperança é estar preparado para trabalhar, quando trabalhamos temos aquilo que queremos.”
Já Henriette Kakuoy não tem tido uma vida fácil desde que saiu da República Democrática do Congo (RDC). Mesmo assim, tem esperança que um dos filhos entre na universidade. “Se um dos meus filhos conseguir estudar, pode ajudar os outros”, diz esta refugiada.
Hoje, dia 20 de Junho, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) comemora o Dia Mundial do Refugiado com diferentes actividades. E o tema deste ano é precisamente a esperança: “Esperança longe de casa, por um mundo inclusivo com as pessoas refugiadas”. O slogan chama a atenção para a necessidade de bom acolhimento, integração e soluções duráveis para os refugiados e requerentes de asilo.
O Representante do ACNUR em Angola, Vito Trani, sublinha a importância da integração e que “as pessoas refugiadas trazem com elas conhecimento e capacidades, por isso elas seguramente podem contribuir para as comunidades que as acolhem”, acrescentando que esta data tão importante serve para homenagear refugiados e requentes de asilo em todo o mundo e também em Angola. “Em todo o mundo há cada vez mais homens e crianças forçadas a deixar suas casas por causa de guerras, conflitos armados e perseguições e mais do que nunca o ACNUR trabalha com os governos e a sociedade civil para encontrar soluções para estas pessoas.”
“O Dia Mundial do Refugiado é quando nas Nações Unidas reforçamos o compromisso para criar empatia e compreensão pela situação difícil dos refugiados, reconhecendo a sua força, coragem e resiliência na reconstrução das suas vidas”, acrescenta a Coordenadora Residente das Nações Unidas em Angola, Zahira Virani. “É também uma oportunidade de relembrar que a importância da sua integração quer para os refugiados, como para as comunidades que os acolhem. Homenageamos os refugiados em todo mundo, e agradecemos aos países e às comunidades que os acolhem.”
O Dia Mundial do Refugiado é celebrado globalmente desde 2001. A comemoração é também reconhecimento do aniversário da Convenção Relativa ao Estatuto do Refugiado de 1951, o tratado que garante protecção internacional a todas as pessoas forçadas a deixar suas casas devido a guerras, conflitos armados e perseguições.
“No Dia Mundial do Refugiado honramos a coragem e a esperança dos milhões de pessoas forçadas a fugir da guerra, violência e perseguição”, disse o Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi, num comunicado em que salientou a integração. “No ACNUR, Agência da ONU para Refugiados, sabemos que a inclusão é a melhor forma de apoiar os refugiados no exílio, prepará-los para que possam ajudar a reconstruir os seus países, quando houver condições para o seu regresso, ou serem bem-sucedidos caso sejam reinstalados noutro país.”
Em Angola, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e parceiros têm vindo a organizar uma uma série de actividades para marcar a data, tanto em Luanda como no Assentamento do Lôvua, na província da Lunda Norte. O cartaz inclui sobretudo eventos artísticos, desportivos e exposição de produtos. Do programa fazem parte actividades dirigidas aos refugiados e também ao público em geral.
Angola acolhe actualmente mais de 56.000 refugiados e requerentes de asilo. Esta população é composta em grande parte por refugiados e requerentes de asilo da, seguidos dos guineenses, marfinenses, mauritanos, somalis e sudaneses. A maioria destes refugiados (88%) vive em zonas urbanas. Há cerca de 6.000 refugiados a viver no assentamento do Lôvua, na Província da Lunda Norte.
Ibrahim Kalilu está entre estes números. Este sudanês chegou a Angola em 2007 e hoje é Coordenador dos Refugiados em Lunda. Ibrahim sublinha a boa relação com os vizinhos angolanos deu-lhe esperança longe de casa: “Eu brinco, saio e como com eles. Desde que cheguei a Angola não tive nenhum problema as pessoas”