Directora-Geral Adjunta da FAO está em Angola para debater desafios da segurança alimentar e alterações climáticas em África
24 maio 2023
Na sua visita à capital angolana, a Directora-Geral Adjunta da FAO destaca que África enfrenta muitos desafios que travam o continente rumo à prosperidade e ao fim dos conflitos: os impactos das alterações climáticas continuam a afectar a produção de alimentos e as economias ainda enfrentam os efeitos da pandemia do COVID-19.
Luanda, 24 de Maio de 2023 – A Directora-Geral Adjunta da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), Maria Helena Semedo, está em Luanda para participar no 1º Fórum Internacional da Mulher para a Paz e Democracia. No segundo dia do Fórum (sexta-feira, dia 26), a Directora-Geral Adjunta da FAO será prelectora no painel de alto nível "Desafios da segurança alimentar e alterações climáticas no Continente Africano", junto da Comissária da União Africana para a Agricultura, Desenvolvimento Rural, Economia Azul e Ambiente Sustentável, Josefa Sacko, e do ex-Ministro da Agricultura e Embaixador do Senegal em Itália, Papa Abdoulaye Seck.
Na sua visita à capital angolana, a Directora-Geral Adjunta da FAO destaca que África enfrenta muitos desafios que travam o continente rumo à prosperidade e ao fim dos conflitos: os impactos das alterações climáticas continuam a afectar a produção de alimentos e as economias ainda enfrentam os efeitos da pandemia do COVID-19; a dependência excessiva de importações de alimentos e insumos agrícolas estratégicos agrava as vulnerabilidades; as alterações climáticas originam disputas de terras entre expansão urbana e produção de alimentos. No entanto, Maria Helena Semedo vê o futuro com optimismo, considerando que África tem recursos suficientes para ultrapassar estes desafios: recursos naturais abundantes, juventude, cultura, diversidade, conhecimento, saberes e mulheres.
Maria Helena Semedo destaca também que um recente relatório da FAO (2022) revela que dos 24 países mais afectados pela fome no mundo, 16 são países africanos, e que a parte da população que mais sofre de insegurança alimentar são as mulheres. Por outro lado, como produtoras, as mulheres agricultoras rurais têm mais dificuldade de acesso a recursos e serviços, ferramentas e tecnologias, mercados, informações e activos financeiros. Destaca, no entanto que a organização que representa, vê as mulheres como agentes de mudança, não como vítimas, e que em África, mais de 23 projectos da FAO contribuem directamente para a igualdade de género e para o empoderamento das mulheres rurais, com uma contribuição directa estimada em mais de 44 milhões de dólares.
A Directora-Geral Adjunta saúda o trabalho que o Governo de Angola e a FAO têm feito juntos ao longos das últimas décadas, destacando a implementação conjunta das Escolas de Campo de Agricultores (ECAs) como instrumento de organização comunitária e de promoção da segurança alimentar. As ECAs promovem a agricultura familiar com as melhores práticas de produção que garantem a estabilidade e a auto-suficiência na produção de alimentos, que têm sido factores-chave na recuperação pós-guerra e no processo de consolidação da paz. Recorda também que, no caso do programa do Governo angolano PRODESI, a FAO apoiou a criação da maior plataforma de mulheres agro-empresariais nas 18 províncias do país. A FAO também está a apoiar os esforços na dimensão do agronegócio do Programa de Reconversão da Economia Informal, PREI, com a implementação da componente AgriPrei. O AgriPrei promove uma abordagem de cadeia de valor em que as mulheres continuam a ganhar maior autonomia financeira e poder de decisão, tornando-se agentes económicos formais no sistema alimentar.
No contexto internacional, Maria Helena Semedo recorda a forte parceria que a FAO tem com a Comissão da União Africana, e que com o envolvimento de governos e outras organizações internacionais e investimentos adequados dos sectores público e privado, se podem potenciar as enormes oportunidades que existem para a agricultura, através da transformação dos sistemas agroalimentares no Continente Africano.