ACNUR distribui roupas da UNIQLO para mais de 1.500 refugiados e solicitantes de asilo em Angola
A distribuição de roupas ajuda a atender uma das necessidades humanitárias da população refugiada nas áreas urbanas de Luanda
Ja Bedel agradece pela roupas da Uniqlo que ele e sua família receberam do ACNUR e diz que os seus filhos estarão mais motivados a irem para à escola.
“Já imagino o sorriso no rosto do meu filho mais novo”, diz, carregando seis peças de roupa em um saco plástico usado.
O refugiado de 50 anos deixou o seu país de origem, a Libéria, em 2002 devido à instabilidade política e desde então refugiou - se em Angola.
“Essa foi uma das decisões mais difíceis que tomei na minha vida, mas não tive escolha”, diz ele. “Eu estava determinado a fugir para salvar a minha vida, não importava para onde.”
Bedel é pai de cinco filhos: dois meninos e três meninas. Sua esposa, cidadã angolana, faleceu em 2018. Ele é motorista, mas não consegue emprego por falta de documentação. Sua principal fonte de sobrevivência vem do ACNUR e do apoio dos parceiros.
Graças à doação da Uniqlo, o ACNUR Angola distribuiu roupas usadas a cerca de 1.573 refugiados e requerentes de asilo dos centros de refugiados em Luanda entre 2021 e 2022.
Durante a distribuição, prioridade foi dada a pessoas com necessidades específicas, incluindo crianças desacompanhadas e separadas, sobreviventes de violência baseada no gênero e pessoas com doenças crônicas. Os beneficiários desta distribuição de roupas são principalmente do Ruanda, Serra Leoa, RDC, República Centro-Africana, Burundi, Guiné, Somália, Libéria, Uganda, Chade, Eritreia e República da Côte d'Ivoire.
Lumbu Esperança (36), refugiada congolesa, foi uma das beneficiárias. Ela veio para Angola com a irmã e o cunhado no ano 2000 pela fronteira do Mbanza Congo, na província do Zaire, mas o seu objectivo era chegar a Luanda devido as melhores oportunidades oferecidas na capital do país.
“O assédio político em 2000 foi intenso”, diz ela. “A maioria dos nossos vizinhos da aldeia estava a fugir para Angola, eu não podia ficar. Eu segui minha irmã e seu marido.”
Depois de suportar uma viagem perigosa da RDC para Angola, Lumbu pensou que finalmente se sentiria segura. Mas ela estava errada. Ela se tornou uma vítima de violência baseada em gênero de um membro de sua própria família.
Com o apoio de alguns membros da comunidade local, ela conseguiu se mudar para Luanda alguns anos depois. Actualmente vive na periferia de Luanda com o filho de 7 anos que cria sozinha e frequenta o 1.º ano numa escola pública do Bairro Popular em Luanda.
“Eu sou a mãe e o pai desta criança”, diz ela, olhando de forma carinhosa para o seu filho. “Fico feliz que ele finalmente vai poder assistir às aulas com as roupas novas que recebeu da Uniqlo.
Devido ao impacto do COVID-19 em Angola, bem como à inflação global, a vulnerabilidade dos refugiados urbanos aumentou drasticamente. No entanto, a distribuição de roupas Uniqlo tem vindo a responder a uma das necessidades humanitárias da comunidade de refugiados em Luanda.